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Escola Secundária José Saramago - Mafra
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sexta-feira, 28 de abril de 2017
ALMOUROL
Castelo de Almourol.
Imagem daqui.
ALMOUROL
Em duas voltas, contravoltas de mão,
amarrou a chata como quem assinava
o texto-travessia.
O remo da esquerda ciava.
Tabuínha.
Pé ante pé, descida.
Pedra sobre pedra, o Castelo,
enquanto o barqueiro seu texto repetia.
Alexandre O'Neill, Poesias Completas, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, p. 473,
POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (17)
"Quando eu morrer"
Quando eu morrer,
não quero choros
nem prantos,
não quero saber
de desencantos.
Quando eu morrer,
quero que vejam
o que eu não vi,
que riam
o que eu não ri,
que sintam
tudo aquilo
que eu não senti,
que sejam
o que eu não fui,
…até ao fim.
Quando eu morrer,
quero que a minha lembrança
seja de força
e de esperança.
Depois de ir,
hei-de voltar
p'ra "visitar"
quem não esqueci,
eu vou voltar,
darei sinal
de um "estou aqui".
Luísa Cordeiro
quinta-feira, 27 de abril de 2017
FESTIVAL ISLÂMICO DE MÉRTOLA 2017
quarta-feira, 26 de abril de 2017
DA CONCISÃO LXXXII
"Se siamo chiamati a semplificare ciò che sembra complicato, non siamo in compenso mai chiamati a complicare ciò che è semplice."
Imagem daqui.
"Se siamo chiamati a semplificare ciò che sembra complicato, non siamo in compenso mai chiamati a complicare ciò che è semplice."
Madeleine Delbrêl, La gioia di credere, apud Andrea Moro, Breve storia del verbo essere. Viaggio al centro della frase, Milano, Adelphi Edizioni S. P. A., 2010, p.81.
terça-feira, 25 de abril de 2017
PALESTRA "CURIE: UMA FAMÍLIA, CINCO PRÉMIOS"
26 de abril - 14h25
- Palestra proferida pela Professora Doutora Raquel Gonçalves-Maia
- Exposição de livros da Professora Doutora Raquel Gonçalves-Maia
- Exposição de livros sobre Marie Curie
26 de abril - 14h25
Biblioteca da ESJS
25 DE ABRIL
REVOLUÇÃO - DESCOBRIMENTO
Revolução isto é: descobrimento
Mundo recomeçado a partir da praia pura
Como poema a partir da página em branco
- Katharsis emergir verdade exposta
Tempo terrestre a perguntar seu rosto
Imagem daqui.
REVOLUÇÃO - DESCOBRIMENTO
Revolução isto é: descobrimento
Mundo recomeçado a partir da praia pura
Como poema a partir da página em branco
- Katharsis emergir verdade exposta
Tempo terrestre a perguntar seu rosto
Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética, Alfragide, Caminho, 2011, p. 623.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
A ASCENDÊNCIA DE CAMILO
«(...) Elói percorre um mapa de vendedor ambulante com a proficiência de quem vai descobrir um firmamento na terrs, estradas que desembocam em caminhos, caminhos que se dividem em atalhos, e atalhos que se perdem em bosques e matagais, tudo isto compondo o tecido de estrelas que apenas existe na mágica de quem o sabe inventar. Marcha com ligeireza atrás dos seus machos, carregados com quanto atraia a freguesia do negócio, couros e peles, facas e tesouras, e um que outro pano mais fino, capaz de merecer o encantamento da menina em vésperas de casar. Este homem esgalgado e trigueiro, exercitador de uma muscularidade que lhe resulta da modéstia dos princípios, e da indiferença à preguiça, cultiva uma coroa de relações afáveis com o Universo. Reconhece como ninguém os pastores que lhe acenam à passagem, os ciganos que lhe fornecem um lote de pratos de estanho, e os mendigos com quem reparte o pão que leva, e a condição de filho do sol ou da chuva, que a Providência Divina determinar. Elói jamais cede à taciturnidade, se bem que tolere a raiva, e não há dia em que não assobie durante três horas sem parança.
O andarilho, acompanhado pelas suas bestas, galga barrancos, atravessa panascais, e atinge os campos cultivados que lhe apontam o exemplo do trabalho dos outros, e o informam da estação do ano em que segue. Ao chegar ao povoado, lança o seu comprido pregão, aprendido do avô, e do pai, e reza mentalmente a prece que vem muito de trás, e que alude a Santa Saba, e à lei de Moisés. Os do sítio concedem-lhe uma atenção austera, fingindo conhecê-lo vagamente, e abstendo-se de entrar em demoradas confidências. Elói apresenta os seus artigos com uma gesticulação correcta, permitindo-se sublinhar a qualidade do que vende, mediante a referência às pessoas gradas que não lhe dispensam os serviços. Mas não recua uma unha do dedo mindinho, quando se trata de fazer descer o preço abaixo daquilo que antecipadamente estabeleceu como seu folgado lucro. Não escasseia, é bom que se acrescente, quem simpatize com ele, e lhe ponha ao dispor o palheiro, ou a loja dos animais, para que pernoite, e lhe traga o jarro de vinho a que nunca se nega, ou a malga de favas a que nunca diz que não. "Este homem Elói cobrou-me mais do que o que valia um cinturão que comprei no São Miguel para o meu neto", resmungará uma das comadres, mas não haverá de resistir a vir admirar na próxima visita do marchante o sortido recente com que estivou ele os machos, tão familiares da astúcia do amo que nada parece perturbar-lhes o sono de pé no larguinho da igreja. (...)»
«(...) Elói percorre um mapa de vendedor ambulante com a proficiência de quem vai descobrir um firmamento na terrs, estradas que desembocam em caminhos, caminhos que se dividem em atalhos, e atalhos que se perdem em bosques e matagais, tudo isto compondo o tecido de estrelas que apenas existe na mágica de quem o sabe inventar. Marcha com ligeireza atrás dos seus machos, carregados com quanto atraia a freguesia do negócio, couros e peles, facas e tesouras, e um que outro pano mais fino, capaz de merecer o encantamento da menina em vésperas de casar. Este homem esgalgado e trigueiro, exercitador de uma muscularidade que lhe resulta da modéstia dos princípios, e da indiferença à preguiça, cultiva uma coroa de relações afáveis com o Universo. Reconhece como ninguém os pastores que lhe acenam à passagem, os ciganos que lhe fornecem um lote de pratos de estanho, e os mendigos com quem reparte o pão que leva, e a condição de filho do sol ou da chuva, que a Providência Divina determinar. Elói jamais cede à taciturnidade, se bem que tolere a raiva, e não há dia em que não assobie durante três horas sem parança.
O andarilho, acompanhado pelas suas bestas, galga barrancos, atravessa panascais, e atinge os campos cultivados que lhe apontam o exemplo do trabalho dos outros, e o informam da estação do ano em que segue. Ao chegar ao povoado, lança o seu comprido pregão, aprendido do avô, e do pai, e reza mentalmente a prece que vem muito de trás, e que alude a Santa Saba, e à lei de Moisés. Os do sítio concedem-lhe uma atenção austera, fingindo conhecê-lo vagamente, e abstendo-se de entrar em demoradas confidências. Elói apresenta os seus artigos com uma gesticulação correcta, permitindo-se sublinhar a qualidade do que vende, mediante a referência às pessoas gradas que não lhe dispensam os serviços. Mas não recua uma unha do dedo mindinho, quando se trata de fazer descer o preço abaixo daquilo que antecipadamente estabeleceu como seu folgado lucro. Não escasseia, é bom que se acrescente, quem simpatize com ele, e lhe ponha ao dispor o palheiro, ou a loja dos animais, para que pernoite, e lhe traga o jarro de vinho a que nunca se nega, ou a malga de favas a que nunca diz que não. "Este homem Elói cobrou-me mais do que o que valia um cinturão que comprei no São Miguel para o meu neto", resmungará uma das comadres, mas não haverá de resistir a vir admirar na próxima visita do marchante o sortido recente com que estivou ele os machos, tão familiares da astúcia do amo que nada parece perturbar-lhes o sono de pé no larguinho da igreja. (...)»
Mário Cláudio, Camilo Broca, Alfragide, Dom Quixote, 2009, pp. 85-86.
sexta-feira, 21 de abril de 2017
POESIA SEM PALAVRAS
Poesia, sem palavras,
Tal como o amor, não é possível descrevê-la,
Ora mete medo, ora alegra,
Quando leio ou quando escrevo,
Sem saber, escrevo o que sinto
E sinto a ler.
Poesia, agora e sempre, uma arte,
Agora e sempre, de mim terá uma parte,
Não morre, não é mortal,
E com ideias diretas, concretas,
Como um desfile mental para se
Ver o que aconteceu ou há de acontecer,
De manhã ou de tarde,
Alertas no coração,
E assim não parto,
Fico, não fujo,
A poesia entrou na minha vida sem querer lutar,
Por isso eu não luto.
Amo a poesia porque, sem me dar a definição de amor,
me ensina a amar.
Imagem daqui.
Poesia, sem palavras,
Tal como o amor, não é possível descrevê-la,
Ora mete medo, ora alegra,
Quando leio ou quando escrevo,
Sem saber, escrevo o que sinto
E sinto a ler.
Poesia, agora e sempre, uma arte,
Agora e sempre, de mim terá uma parte,
Não morre, não é mortal,
E com ideias diretas, concretas,
Como um desfile mental para se
Ver o que aconteceu ou há de acontecer,
De manhã ou de tarde,
Alertas no coração,
E assim não parto,
Fico, não fujo,
A poesia entrou na minha vida sem querer lutar,
Por isso eu não luto.
Amo a poesia porque, sem me dar a definição de amor,
me ensina a amar.
Miguel Jacinto, Aluno do 11º CT5 desta Escola.
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As Palavras dos Alunos,
Escrita criativa,
Poesia
quinta-feira, 20 de abril de 2017
POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (16)
Desejei-te"
Desejei-te"
Desejei-te,
no ventre de minha mãe,
precisei de ti
logo que nasci,
ansiei morrer
enquanto vivia...
por mais que esperasse,
por mais que sonhasse,
não te conheci..
Dei tudo de mim,
buscando-te errei
e nunca te vi.
Será,
que partirei
sem repousar a cabeça
no teu ombro amoroso?,
...não sei,
o que é ninho...
asa protetora...
seguro pouso..
nem sei
se de saber amar
já me esqueci.
Luísa Cordeiro
quarta-feira, 19 de abril de 2017
SUGESTÃO DE LEITURA (39)
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
Caídas e com sinais
De poeira;
e sombra de uma
figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.
TORGA, Miguel - Antologia Poética. Mem Martins: Círculo de Leitores, 2001. 485 p. ISBN 972-42-2431
Bucólica
A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;De searas onduladas
Pelo vento;
De ninhos que outrora
havia
Nos beirais;De ver esta maravilha:
Meu Pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.
Miguel Torga, 1937
TORGA, Miguel - Antologia Poética. Mem Martins: Círculo de Leitores, 2001. 485 p. ISBN 972-42-2431
LIMITES AO LÉU
LIMITES AO LÉU
POESIA: "words set to music" (Dante
via Pound), "uma viagem ao
desconhecido" (Maiakovski), "cernes e
medulas" (Ezra Pound), "a fala do
infalável" (Goethe), "linguagem
voltada para a sua própria
materialidade" (Jakobson),
"permanente hesitação entre som
e sentido" (Paul Valéry), "fundação do
ser mediante a palavra" (Heidegger),
"a religião original da humanidade"
(Novalis), "as melhores palavras na
melhor ordem" (Coleridge), "emoção
relembrada na tranquilidade"
(Wordsworth), "ciência e paixão"
(Alfred de Vigny), "se faz com
palavras, não com ideias"
(Ricardo Reis/ Fernando Pessoa), "um
fingimento deveras" (Fernando
Pessoa), "criticism of life" (Matthew
Arnold), "palavra-coisa" (Sartre),
"linguagem em estado de pureza
selvagem" (Octávio Paz), "poetry is to
inspire" (Bob Dylan), "design de
linguagem" (Décio Pignatari), "lo
imposible hecho posible" (Garcia
Lorca), "aquilo que se perde na
tradução" (Robert Frost), "a liberdade
da minha linguagem" (Paulo
Leminski)...
Imagem daqui.
LIMITES AO LÉU
POESIA: "words set to music" (Dante
via Pound), "uma viagem ao
desconhecido" (Maiakovski), "cernes e
medulas" (Ezra Pound), "a fala do
infalável" (Goethe), "linguagem
voltada para a sua própria
materialidade" (Jakobson),
"permanente hesitação entre som
e sentido" (Paul Valéry), "fundação do
ser mediante a palavra" (Heidegger),
"a religião original da humanidade"
(Novalis), "as melhores palavras na
melhor ordem" (Coleridge), "emoção
relembrada na tranquilidade"
(Wordsworth), "ciência e paixão"
(Alfred de Vigny), "se faz com
palavras, não com ideias"
(Ricardo Reis/ Fernando Pessoa), "um
fingimento deveras" (Fernando
Pessoa), "criticism of life" (Matthew
Arnold), "palavra-coisa" (Sartre),
"linguagem em estado de pureza
selvagem" (Octávio Paz), "poetry is to
inspire" (Bob Dylan), "design de
linguagem" (Décio Pignatari), "lo
imposible hecho posible" (Garcia
Lorca), "aquilo que se perde na
tradução" (Robert Frost), "a liberdade
da minha linguagem" (Paulo
Leminski)...
Paulo Leminski, La vie en close, São Paulo, Brasiliense, 1991.
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Autores de Língua Portuguesa,
Poesia
quinta-feira, 13 de abril de 2017
quinta-feira, 6 de abril de 2017
CONCURSO LITERÁRIO PADRE JOÃO MAIA
quarta-feira, 5 de abril de 2017
TORNEIO DE XADREZ DA ESJS
Vencedores do 13.º Torneio de Xadrez da ESJS
1.º André Vale, 11.º CT1
2.º Gonçalo Pessoa, 11.º CT1
3.º Afonso Ferreira, 11.º SE3
Parabéns!
segunda-feira, 3 de abril de 2017
DESAFIO EM 77 PALAVRAS (SEM A LETRA "A")
"Tento perceber sem entender se o tempo e o vento vêm florir tudo o que necessito de mover no meu cérebro. Detesto segredos sem senso, por isso invento e protesto neste silêncio que se ouve demolir o meu interior. Que terror e que horror sem objeto. O que vejo no espelho demolidor de interiores é triste. Descubro o que nem eu sei; sei distinguir o único movimento dentro de mim; mudo o sol que observo no inverno."
John William Waterhouse, Boreas (1902).
"Tento perceber sem entender se o tempo e o vento vêm florir tudo o que necessito de mover no meu cérebro. Detesto segredos sem senso, por isso invento e protesto neste silêncio que se ouve demolir o meu interior. Que terror e que horror sem objeto. O que vejo no espelho demolidor de interiores é triste. Descubro o que nem eu sei; sei distinguir o único movimento dentro de mim; mudo o sol que observo no inverno."
Mariana Correia, nº 18, 12º LH2 (ano letivo de 2014-2015), desta Escola.
Margarida Fonseca Santos e Joana Jesus, Desafios em 77 Palavras, Lisboa, Edicare Editora, 2017, p. 15.
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